No mês passado, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto divulgou que um paciente de 64 anos, com linfoma em fase terminal, apresentou a remissão do câncer. O tumor havia se espalhado para os ossos e ele estava em tratamento paliativo, sendo que o prognóstico era de um ano de vida. Para tentar reverter o quadro, no início de setembro, os médicos o incluíram em um protocolo de pesquisa para teste de uma nova terapia. Em quatro dias, o paciente deixou de sentir dores e, em uma semana, voltou a andar.
Isso aconteceu após ele passar por um tratamento descoberto no exterior, conhecido como CART-Cell, que já está disponível nos Estados Unidos e pode custar mais de US$ 475 mil. No Brasil, os pesquisadores da USP desenvolveram um procedimento próprio de aplicação, mas a equipe médica ainda não fala em cura, porque o diagnóstico só pode ser dado após cinco anos de acompanhamento.
Além dos Estados Unidos, a CART-Cell também é utilizada na Europa, China e Japão. Esse método manipula as células do sistema imunológico do próprio paciente para atacarem as células que causam o câncer. Esse tratamento ainda não está disponível na rede pública ou privada de saúde. O paciente só passou pela terapia depois que um encaminhamento foi aprovado por uma comissão de ética, pois o procedimento é complexo: toda a imunidade do paciente é comprometida e o hospital precisa de uma infraestrutura especial para garantir a sua recuperação. Os efeitos colaterais incluem febres altas, náuseas e dores musculares, além do risco de morte.
A técnica não tem data para entrar em funcionamento no Brasil e, para ser oferecida pelo SUS, precisa atender a critérios da Anvisa. Contudo, o estudo da terapia continua e estão previstos mais 10 pacientes nos próximos cinco meses.
Por: Dra. Moema Nenê Santos/Hematologista – CRM 24111
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