O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados, no Brasil, 66.280 novos casos de câncer de mama, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.
No mundo, esse é o tipo de câncer com maior incidência entre as mulheres. Em 2018, ocorreram 2,1 milhões de casos novos – o que corresponde a 11,6% de todos os cânceres estimados. No Brasil, em 2017, 16.724 óbitos foram registrados por câncer de mama em mulheres – o equivalente a um risco de 16,16 por 100 mil.
Apesar de o Outubro Rosa ser o mês de conscientização voltado ao público feminino, é muito importante lembrar que um dos grandes mitos da medicina é que o câncer de mama não afeta os homens. Das 16.927 pessoas que morreram em decorrência da doença no Brasil, no ano passado, 203 eram homens. Apesar de raro, estimativas nacionais indicam que 1% dos casos de câncer de mama afeta os homens brasileiros.
A doença
O câncer de mama se caracteriza pela proliferação anormal, de forma rápida e desordenada, das células do tecido mamário. Ele se desenvolve em decorrência de alterações genéticas, porém, isso não significa que os tumores da mama são sempre hereditários.
A doença pode ser in situ, aquela em que ainda não há risco de invasão e metástase, com chances de cura de aproximadamente 100%. Mesmo os tumores invasivos (quando invadem a membrana basal da célula) podem ser curados, se o diagnóstico for estabelecido em fase precoce.
O tipo histológico mais comum de câncer de mama é o carcinoma de células epiteliais, que se divide em lesões in situ e invasoras. Os carcinomas mais frequentes são os ductais ou lobulares.
Os sinais e sintomas do câncer podem variar e algumas pacientes que têm a doença podem não apresentar nenhum desses sinais e sintomas. De qualquer maneira, é recomendável que a mulher conheça suas mamas e saiba reconhecer alterações, a fim de alertar o médico.
A melhor época do mês para que a mulher que ainda menstrua avalie as próprias mamas, buscando identificar alterações, é alguns dias após a menstruação, quando as mamas estão menos inchadas. Para aquelas que já passaram a menopausa, o autoexame pode ser feito em qualquer época do mês.
Ao observar qualquer alteração, a mulher deve comunicá-la imediatamente ao seu médico, mesmo que ela tenha aparecido pouco tempo depois da última mamografia ou do exame clínico das mamas.
O sintoma mais comum do câncer de mama é o aparecimento de um nódulo ou massa. Se for um nódulo sólido, indolor e com bordas irregulares é muito provável que seja um tumor maligno, mas os cânceres de mama podem ser sensíveis ao toque, macios ou redondos. Eles podem até ser dolorosos. Por esse motivo, é importante que qualquer nova massa, nódulo ou alteração na mama seja examinada por um médico.
O câncer de mama também pode apresentar vários sinais e sintomas, como:
– Inchaço de toda ou parte de uma mama (mesmo que não se sinta um nódulo).
– Nódulo único endurecido.
– Irritação ou abaulamento de uma parte da mama.
– Dor na mama ou mamilo.
– Inversão do mamilo.
– Eritema (vermelhidão) na pele.
– Edema (inchaço) da pele.
– Espessamento ou retração da pele ou do mamilo.
– Secreção sanguinolenta ou serosa pelos mamilos.
– Linfonodos aumentados.
O tratamento para o câncer de mama varia conforme o estadiamento da doença e do tipo histológico, sendo desde a cirurgia mamária (setorectomia ou mastectomia) até a quimioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia), a quimioterapia e a radioterapia.
Importância da prevenção
A prevenção e a detecção precoce do câncer de mama são essenciais para reduzir o índice de mortalidade da doença. Por isso, evitar a obesidade, através de dieta equilibrada e prática regular de exercícios físicos, é uma recomendação básica para prevenir a doença. O excesso de peso, por sua vez, aumenta o risco de desenvolver esse tipo de câncer. Além disso, a ingestão de álcool, mesmo em quantidade moderada, é contraindicada, assim como a exposição a radiações ionizantes em idade inferior aos 35 anos.
Ainda não há certeza da associação do uso de pílulas anticoncepcionais com o aumento do risco para o câncer de mama. Podem estar mais predispostas a ter a doença mulheres que usaram contraceptivos orais de dosagens elevadas de estrogênio, que fizeram uso da medicação por longo período e as que usaram anticoncepcional em idade precoce, antes da primeira gravidez.
A prevenção reduz as chances de o câncer de mama se manifestar, mas, infelizmente, nem sempre é possível evitar completamente seu surgimento, devido à variação dos fatores de risco e às características genéticas que estão envolvidas na sua etiologia. É por isso que aliar prevenção à detecção precoce do câncer de mama é fundamental.
Para diagnosticar a doença em sua fase inicial, é necessária a realização de exames. Nessa etapa, os esforços não se direcionam a evitar que o câncer se manifeste, mas a investigar se ele está presente, a fim de possibilitar que o tratamento inicie o mais rápido possível em caso positivo. Por isso, no caso do câncer de mama, os exames para detecção precoce não devem ser chamados de preventivos.
Entre as estratégias de detecção precoce estão o rastreamento do câncer e a política de realização de exames na população de risco, em pessoas ainda sem sintomas. No Brasil, a Lei 11.664/2008 define que a mamografia de rastreamento deve ser realizada, anualmente, em todas as mulheres com idade entre 40 e 69 anos – estratégia defendida pela Sociedade Brasileira de Mastologia. Porém, o Ministério da Saúde adota como diretriz uma portaria posterior, que define que apenas mulheres entre 50 a 69 anos realizem o exame de rastreamento, com o máximo de dois anos entre os exames.
Além da mamografia de rastreamento, a detecção precoce do câncer de mama pode ser feita em consultas ao ginecologista, através do exame clínico.
Por: Bruna da Silva Wiatrowski – Médica Ginecologista e Obstetra (CRM 41150)